Que tal uma sessão de Reiki no posto de saúde ou de acupuntura na UBS? Por muitos anos, a Medicina relutou em reconhecer o valor dessas atividades para a recuperação de pessoas doentes. A realidade mudou. Hoje elas não apenas são aceitas, mas também incentivadas como ferramentas valiosas no processo de cura.
As chamadas Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) fazem parte do dia a dia de várias unidades mantidas pela Prefeitura de Montenegro. Ajudam pacientes a lidar com dores crônicas, ansiedade, estresse e até a melhorar a qualidade do sono.
Segundo a diretora de Atenção Básica da Secretaria Municipal da Saúde, Camila Anversa, as PICS utilizam métodos naturais e tradicionais para promover saúde e bem-estar, complementando os tratamentos convencionais. “Nosso objetivo é oferecer um cuidado mais integral, que enxergue o paciente como um todo — corpo, mente e espírito”, explica.
Atualmente, Montenegro oferece acupuntura, auriculoterapia, reiki, fitoterapia, aromaterapia e rodas de TCI (Terapia Comunitária Integrativa). Essas práticas estão disponíveis em unidades de referência como a USF 7 (Centro), USF 6 (Timbaúva), USF 3 (Industrial) e USF 1 (Germano Henke). O acesso ocorre por encaminhamento da equipe de saúde ou agendamento direto, conforme a disponibilidade de cada serviço.
Humanização e vínculo com o paciente
A secretária municipal da Saúde, Andreia Coitinho da Costa, destaca que as PICS são uma expressão concreta da humanização no atendimento. “Elas aproximam o profissional do paciente e fortalecem o vínculo de confiança. O cuidado se torna mais acolhedor, mais humano e mais completo”, afirma.
De acordo com os registros das equipes, os resultados são expressivos: há redução do estresse, melhora do sono, diminuição da dor crônica e ganhos significativos na saúde emocional. A adesão da população é crescente, especialmente entre adultos e idosos, com predominância feminina.
Apesar dos avanços, a manutenção e ampliação das práticas ainda enfrentam obstáculos. A falta de profissionais capacitados e o financiamento limitado — vinculado ao custeio da Atenção Primária — dificultam a expansão. “O recurso federal ainda é insuficiente para atender toda a demanda”, observa Camila.
Mesmo assim, os planos da Secretaria são ambiciosos: formar mais profissionais, ampliar o número de unidades com PICS e integrar essas ações com outras políticas de saúde mental e promoção do autocuidado.
TÉCNICAS QUE TRANSFORMAM
Cada técnica atua de forma específica:
- a acupuntura, de origem chinesa, estimula pontos energéticos do corpo para restaurar o equilíbrio físico e emocional;
- a auriculoterapia, feita com estímulos no pavilhão auricular, ajuda no controle da dor, ansiedade e compulsões;
- o reiki trabalha a energia vital por meio da imposição das mãos, favorecendo relaxamento e bem-estar;
- a fitoterapia utiliza o poder medicinal das plantas para tratar ou aliviar sintomas;
- a aromaterapia recorre aos óleos essenciais para estimular o sistema nervoso e promover equilíbrio emocional.
Formação específica
As PICS complementam ações de saúde mental, prevenção de doenças e promoção do autocuidado, integrando-se às demais políticas do SUS. Na aplicação, podem atuar profissionais de saúde com formação específica, reconhecida pelo Ministério da Saúde e obtida por meio de cursos e certificações.
“Normalmente, as formações são fornecidas pelo Estado e os profissionais que se identificam com as práticas são destinados à realização do curso”, explica Camila. “Muitos deles utilizam-se de recursos próprios para as formações e as trazem de forma complementar ao seu atendimento na unidade de saúde”, sublinha.
Histórias de sucesso inspiram o trabalho. Pacientes com dores crônicas ou ansiedade relatam melhoras significativas após sessões de acupuntura ou reiki. São testemunhos que reforçam o poder de práticas que unem ciência, tradição e sensibilidade humana — e que mostram que, em Montenegro, o equilíbrio entre corpo e mente já faz parte do tratamento.